quarta-feira, 26 de junho de 2019


ALFABETIZAÇÃO COMO PROCESSO


A aprendizagem é um processo contínuo e faz parte da construção de quem somos. Na escola este processo de aprendizagem pode se dar de várias formas, mas sempre com a essência de uma prática pedagógica que respeita o saber do aluno e sua individualidade.

Relendo meus escritos no Portfólio de Aprendizagens e minhas reflexões sobre processos de aprendizagem tenho consciência de sou um exemplo de que realmente podemos aprender sempre. No meu momento do estágio, mergulhei nos estudos com base nos processos de aprendizagem e percebi o quanto é necessário que tenhamos domínio da engrenagem da aprendizagem para ajudar nossos alunos a também aprender sempre.

Assim, para compreender como a criança aprende, encontrei nos estudos da Psicogênese da Língua Escrita de Emília Ferreiro e Ana Teberosky um embasamento capaz de me ajudar a responder meus questionamentos. Nesta teoria de aprendizagem é destacado que a criança percorre níveis de evolução em seu processo de aquisição da leitura e da escrita. Com esta abordagem, me senti mais segura para buscar e explorar os conceitos de alfabetização, associados aos níveis/hipóteses de construção da escrita pelos alunos.

Com base nos processos de aprendizagem, cada professor constrói suas concepções pedagógicas de acordo com suas vivências. Essas concepções influenciarão em sua prática, o que precisa ser revisto por ele para se adaptar ao ponto de vista da criança. Considerando que nenhuma prática é neutra, é preciso que cada professor não se limite a um método mas busque as condições necessárias nos métodos que sejam adequados ao contexto escolar.

Dessa forma, a Teoria da Psicogênese da Língua Escrita de contempla essa visão de buscar a melhor forma de ajudar os alunos a construir a aprendizagem. Como métodos pedagógicos não garantem aprendizagem, é preciso mapear as condições da turma e de como os alunos interpretam a comunicação professor/ aluno. Nas palavras de Ferreiro e Teberosky (1999, p.291):

[...] atribuir as deficiências do método à incapacidade da criança é negar que toda a aprendizagem supõe um processo, é ver déficit ali onde somente existem diferenças em relação ao momento de desenvolvimento conceitual em que se situam. Isso porque, nenhum sujeito parte de zero ao ingressar na escola de ensino fundamental, nem sequer as crianças de classe baixa, os desfavorecidos de sempre. (FERREIRO; TEBEROSKY,1999, p. 291)

No campo das interpretações, então, minhas aprendizagens me levaram a perceber que a dificuldade estava em aplicar um ou mais métodos adequados para contemplar o momento conceitual de cada aluno, respeitando seus conhecimentos prévios.

Portanto, considerar a alfabetização como um processo, uma forma de aprendizagem dos alunos e de cada aluno, precisa estar centrada na comunicação e na compreensão. O cotidiano da sala de aula nos conduz para uma questão fundamental de que a aprendizagem vem a partir das crianças, a leitura não pode ser ensinada para elas, precisamos sim tornar a aprendizagem possível.


REFERÊNCIAS:

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.

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