sábado, 25 de novembro de 2017



EXPERIÊNCIA COM O MÉTODO CLÍNICO

Todo professor é um pesquisador, inclusive das respostas de seus alunos. Entre a busca de métodos que nos orientem nesta proposta, conhecer o Método Clínico Piagetiano favorece uma grande reflexão sobre a aprendizagem das crianças. O Método Clínico vai além das provas clinicas pois, com este método, Piaget queria fugir das respostas estereotipadas, para conhecer como o sujeito pensa,  como ele constrói a resposta, sua coerência na análise ou suas contradições, sempre tendo base o sujeito epistêmico. Segundo Delval (2002):

Coloca-se esse sujeito em uma situação problemática que ele tem resolver ou explicar e observa-se o acontece. Enquanto se produz a conduta do sujeito (que insistimos, pode consistir em simples ações, palavras ou em combinação de ambas as coisas), o experimentador procura analisar o que está acontecendo e esclarecer seu significado. Fixa-se em uma série de aspectos da conduta do sujeito e, à medida que vai se produzindo, realiza intervenções motivadas na atuação do sujeito, que têm como objetivo esclarecedor tenha qual é o sentido do que ele está fazendo. Isso supõe que o experimentador tenha de se perguntar a cada momento qual é o significado da conduta do sujeito e a relação de suas capacidades mentais. (DELVAL, 2002, p. 68)


A partir da leitura e análise do Método Clínico, foi nos proposto pela interdisciplina Desenvolvimento e Aprendizagem sob o Enfoque da Psicologia II, aplicar uma  prova operatória do  referido método. Escolhemos um menino de 5 anos que frequenta uma escola de educação infantil. A aplicação desta prova  trouxe para o concreto os conceitos trabalhados na Interdisciplina. Também foi gratificante, nos sentirmos capazes de realizar análises e considerações a partir da participação espontânea de uma criança.

Com este experimento, percebemos o quanto o Método Clínico pode ser um aliado na investigação das aprendizagens pelo professor. Realizar entrevistas com alunos, além de nos dar informações de como eles pensam, permitem interações que vão além das simples perguntas e respostas. Este tipo de pesquisa favorece uma compreensão maior da construção do pensamento da criança e dá subsídios para buscarmos soluções que ultrapassem o senso comum.


REFERÊNCIAS:
DELVAL, J. Introdução à prática do método clínico: descobrindo o pensamento da criança. Porto Alegre: Artmed, 2002.

sábado, 18 de novembro de 2017



IMPORTÂNCIA DO CENSO ESCOLAR

O Censo Escolar é um parâmetro muito importante que retrata a realidade da educação básica em nosso país. Entre as informações coletadas por ele, cinco categorias raciais são legitimadas pelos levantamentos oficiais. Conhecer como a população se identifica no campo cor/raça do Censo torna o trabalho de escolarização mais objetivo, principalmente quando o foco está em uma educação igualitária.

Quando investigamos sobre as desigualdades sociais no Brasil, a escola é um reflexo deste contexto e o Censo traz informações para conhecermos esta realidade. É na identidade racial que desenvolvemos um pertencimento ao grupo e buscamos políticas públicas de inclusão de todos nas ofertas de oportunidades. Assim, é buscando estes dados concretos sobre cor/raça que poderemos situar os problemas enfrentados para garantir a democratização do acesso e da permanência dos estudantes em qualquer escola. Nas palavras de Senkevics, Machado e Oliveira (2016, p. 11):

Fato é que, em virtude das desigualdades que atravessam as condições de vida de brancos, negros, indígenas e orientais, em distintas esferas sociais, convivemos com a necessidade de pensar nossa sociedade em termos de relações raciais e, para tanto, a adoção de certas categorias mostram-se indispensáveis, uma vez que tornam inteligíveis estruturas presentes na vida social. (SENKEVICS; MACHADO; OLIVEIRA, 2016,p. 11).


Percebemos, então, que com a quantificação dos dados reais nas escolas, as relações étnico-raciais terão possibilidades de serem construídas e/ou qualificadas para contribuir na transformação da realidade das escolas a partir dos dados coletados.

Portanto, cabe a nós professores nos inteirarmos das informações do nosso aluno que fazem parte do Censo Escolar, pois a informação é a melhor forma de nos integrarmos com a turma e conhecer sua realidade. A sala de aula, ou melhor, toda escola é um espaço agregador de pessoas diversas, o que enriquece as relações e as possibilidades de aprendizagens multiculturais. 

REFERÊNCIAS:

SENKEVICS, A. S.; MACHADO, T. de S.; OLIVEIRA, A. S. de. A cor ou raça nas estatísticas educacionais: uma análise dos instrumentos de pesquisa do Inep. Brasília: Inep/MEC, 2016.

sábado, 11 de novembro de 2017




TGD na Escola

A educação inclusiva, hoje, faz parte do nosso cotidiano escolar e não pode e nem deve ser ignorada, para que seja garantido o direito de todos a uma educação de qualidade. Dentre o público alvo dos alunos de educação especial estão os alunos portadores do Transtorno Global de Desenvolvimento. Segundo Paula Nadal (2011):

Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas interações sociais recíprocas que costumam manifestar-se nos primeiros cinco anos de vida. Caracterizam-se pelos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, assim como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades. Os TGD englobam os diferentes transtornos do espectro autista, as psicoses infantis, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Kanner e a Síndrome de Rett.(NADAL, 2011).
No ambiente escolar, o aluno com TGD precisa de abordagens que se canalizem para desenvolver a competência social da criança, independente de qual seja sua especificidade. Neste processo, a escola é muito importante, pois é um espaço rico para o desenvolvimento das potencialidades do aluno, assim como vale ressaltar que o processo de inclusão beneficia tanto o aluno quanto a escola. É através da construção das habilidades sociais que o aluno constrói seu conhecimento e, nesta caminhada, a função do professor é fundamental.

Falando em professor, ele pode em colaboração com colegas e demais setores da escola, estabelecer estratégias pedagógicas para que o aluno evolua em seu comportamento, em sua linguagem e nas interações sociais. Para a criança com Transtorno Global de Desenvolvimento, a interação com os colegas, muitas vezes, tem mais sucesso que a intervenção de um adulto, provocando uma ação transformadora sobre o aluno.

Com minha experiência profissional, percebi que cada aluno é único e que não existe um método que se aplique a todos. Na escola em que trabalho, na função de vice-diretora, meu contato é maior com as famílias. Assim tento montar uma rede de apoio, com a escuta da família, para que a professora possa ter condições de observar melhor e compreender as especificidades do aluno de inclusão(TGD).  Portanto, toda escola necessita trabalhar em conjunto para fazer adequações pedagógicas e tornar o espaço escolar acessível para todos.


REFERÊNCIAS:

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

DIVERSIDADE DE GÊNERO NA ESCOLA

Hoje, muitos questionamentos sugerem o aprofundamento das reflexões de sexualidade e gênero na escola. Quando falamos em gênero, estamos nos referindo ao aspecto social, aos comportamentos e relações que são construídos socialmente. É a forma como nos enxergamos, nos identificamos, em um processo de autoconhecimento, incluindo sentimentos, emoções, intuição, criatividade, entre outros.

O ambiente escolar precisa favorecer um diálogo aberto sobre o assunto, a fim de desmistificar quaisquer preconceitos e diminuir tabus e distorções, para assim ser convertido em aprendizado. Nas palavras de Carrara (2009,p.14):

[...} a escola precisa estar sempre preparada para apresentar não uma verdade absoluta, mas sim uma reflexão que possibilite aos alunos e às alunas compreenderem as implicações éticas e políticas de diferentes posições sobre o tema e construírem sua própria opinião nesse debate. A ideia de que educação não é doutrinação talvez valha aqui mais do que em qualquer outro campo, pois estaremos lidando com valores sociais muito arraigados e fundamentais.(CARRARA, 2009,p.14)

Como na escola o processo de socialização se dá entre meninos e meninas, a abordagem das relações de gênero precisa considerar que existem outras formas de expressão da sexualidade, e que a forma de cada um expressá-la é única. É preciso, então, dar sentido ao processo de desenvolvimento individual do aluno, promovendo vínculos de identificação entre as pessoas, possibilitando interações positivas e aprendizagens significativas. De acordo com Carrara (2009,p.33):

Espera-se, portanto, que uma prática educativa de enfrentamento das desigualdades e valorização da diversidade vá além, seja capaz de promover diálogos, a convivência e o engajamento na promoção da igualdade. (CARRARA, 2009,p.33)

Portanto, com olhar humanizado, o professor em seu convívio diário com os alunos, precisa desenvolver uma escuta neutra para, a partir das dúvidas e questionamentos, trazer respostas para a compreensão de conceitos, ideias, mitos, tabus, entre outros. Assim, a compreensão da diversidade que se manifesta nas relações sociais, analisadas pela dimensão da sexualidade e gênero é a base para superar preconceitos e práticas discriminatórias.


REFERÊNCIAS:

CARRARA, Sérgio. Educação, Diferença, Diversidade e Desigualdade. In:Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Livro de conteúdo. Versão 2009. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : SPM, 2009.